Viagem à China gera racha no PSL

A comitiva do PSL: para conhecer o Big Brother chinês. Foto: Reprodução

A comitiva do PSL: para conhecer o Big Brother chinês.

Foto: Reprodução

UMA COMITIVA DE ONZE parlamentares eleitos pelo PSL embarcou nesta terça-feira (15) em viagem à China para conhecer tecnologias de reconhecimento facial. Futuros deputados federais e senadores da bancada pretendem apresentar projeto de lei que obriga a implantação dessa tecnologia em locais públicos no Brasil, para ajudar no combate ao crime e na captura de suspeitos ou foragidos.

Segundo a Folha, as despesas da viagem são pagas pelo governo chinês.

Tecnologias de reconhecimento facial em locais públicos já existem no Brasil. Câmeras inteligentes foram inauguradas neste mês pela prefeitura de Praia Grande (SP). No mês passado, o Disque Denúncia do Rio anunciou convênio com a Staff of Technology Solutions, distribuidora na América Latina da plataforma britânica Facewatch.

A visita de futuros congressistas do partido de Jair Bolsonaro à maior ditadura do mundo para conhecer uma tecnologia de controle da população está causando alvoroço na militância bolsonarista.

Em vídeo intitulado “Urgente e gravíssimo”, publicado nesta quarta (16), o filósofo Olavo de Carvalho diz que “o representante” da Huawei, empresa chinesa de tecnologias que incluem o reconhecimento facial, “já foi preso na Polônia, no Canadá e nos Estados Unidos”. Na verdade, Meng Wanzhou, a vice-presidente da Huawei, foi presa no Canadá em dezembro; um outro funcionário foi preso na Polônia este mês, acusado de espionagem. A Agência não achou casos de funcionários da Huawei presos nos Estados Unidos.

“Instalar esse sistema nos aeroportos brasileiras é entregar ao governo chinês as informações sobre todo mundo que mora no Brasil”, afirma Olavo.
“Inclusive e especialmente alguns refugiados chineses”. De fato, vários países ocidentais restringiram o acesso da Huawei aos seus mercados.

Olavo chama os representantes do PSL de “semianalfabetos” e “um bando de caipiras”, e os acusa de “entregarem o Brasil à China”. Ele obviamente leu a notícia na Folha, pois cita no vídeo a Lei de Proteção de Dados, aprovada no governo Temer e mencionada no texto.

O episódio está rendendo muitos comentários negativos aos parlamentares-eleitos por parte de seus eleitores. Na página da deputada federal-eleita Carla Zambelli (PSL-SP), por exemplo, é possível ler frases como “Até o professor Olavo está se manifestando sobre a vergonha que você está fazendo” e “que atraso mental é esse? (…) Graças a Deus que Bolsonaro tem a caneta”.

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