Opinião

Brasil troca Foro de São Paulo por ‘Trump 2020’

O FORO DE SÃO PAULO existe, é extremamente influente, e a adesão do PT à organização representou enormes prejuízos para os interesses da população brasileira. Ninguém razoável duvida disso, exceto talvez o William Waack.

O Foro enfrenta hoje o maior desafio de sua história: a luta pela sobrevivência do regime chavista na Venezuela, a primeira conquista da agremiação desde sua fundação em 1990. As linhas do conflito começaram a ser delineadas em dezembro, quando, na Cúpula Conservadora das Américas, Eduardo Bolsonaro anunciou a intenção de fazer da saída de Maduro um objetivo do Brasil.

Pois bem. Uma das grandes críticas à política externa na era PT sempre foi sua adesão a linhas partidárias. Com o trabalho de Celso Amorim e do chanceler paralelo Marco Aurélio “top-top” Garcia (1941-2017), o Brasil usou o BNDES para apoiar ditaduras e proto-ditaduras parceiras, forneceu sua embaixada em Honduras de hotel para um maluco golpista, e até passou uma violenta rasteira no Paraguai para expulsá-lo do Mercosul só para permitir a entrada da Venezuela de Chávez (processo depois revertido por Michel Temer).

‘Contra ideologias’, a plataforma Bolsonaro veio para restaurar racionalidade à nossa política externa – para todos que não estavam prestando qualquer atenção. Da (ainda incerta) decisão de transferir nossa embaixada em Israel para Jerusalém ao fechamento da Divisão da Mudança do Clima, todas as principais ações cheiram a trumpismo barato.

Antes mesmo de vestir a faixa presidencial, Bolsonaro atuou para o Brasil não sediar a conferência anual da ONU sobre clima de 2019. Ao fazer isso, atendeu ao desejo de Nicolás Maduro, que não queria o evento com a gente.

Em novembro de 2018, Eduardo Bolsonaro – agora presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara – literalmente vestiu o boné ‘Trump 2020’. Ou seja, a relação que se busca não é com os Estados Unidos, mas com uma ala do Partido Republicano. É uma espécie de Foro de Nova York, ou talvez de Mar-a-Lago.

Nesta quarta-feira (13), Eduardo publicou um tweet com a mensagem “#goBolton”. O americano já contou em livro como fez para demitir sem motivo um diplomata brasileiro da chefia da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), em 2001. A vaga foi ocupada por um argentino.

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Publicado por
Cedê Silva