COM BASTANTE FUNDAMENTO, os defensores de operações como a Lava Jato ficaram com receio do que poderia acontecer quando Dias Toffoli, integrante do trio que vinha na 2ª Turma impondo derrotas à força-tarefa, assumisse o plantão do STF. Mas, no que pode ser entendido até como um aceno à opinião pública, a vaga será ocupada por Celso de Mello.
Não que a pressão feita por Modesto Carvalhosa seja inútil. Pelo contrário, é justamente dela que nasce um fiapo de esperança de que o Supremo se dê ao respeito. Mas talvez o melhor cenário seja mesmo com Toffoli no comando do “guardião da Constituição” – que tantas vezes vem soando como “guardião da corrupção”.
Com o ex-advogado do PT fora da 2ª Turma, Cármen Lúcia voltar a apreciar a relatoria de Edson Fachin, fazendo com que Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski virem forças minoritárias diante da Lava Jato. E só há outras duas possibilidades de este grupo perder a maioria: um destes dois ser escolhido para a cadeira reservada a Toffoli.
É verdade que a Presidência do STF comanda a pauta e isso abre todo um leque de possibilidades para quem vê a Lava Jato como um problema a ser resolvido. Mas também é verdade que, no plenário, esse grupo é ainda minoritário. Com Toffoli pautando, tal força fica em desvantagem em todos os colegiados da casa.
Sem contar que a ausência deste na ausência de Cármen pode ser compreendida como um raro gesto de boa-fé – ainda que o pé atrás seja sempre medida prudente.