JAIR BOLSONARO É UM GRANDE crítico da urna eletrônica. Em setembro, em entrevista a Datena no hospital, declarou que “não aceitaria resultado diferente” que não sua vitória na eleição. E acrescentou: “Não confiamos em nada no Brasil. Até concurso da Mega-Sena a gente desconfia de fraude”.
Depois do 1º turno, redobrou os ataques. Sua militância circulou vários vídeos e depoimentos alegando que o voto no 17 não computava. Em todas as imagens sem edição, era possível ver que o cinegrafista tentava votar para governador, sem que houvesse candidato do PSL no Estado. Em depoimento ao lado de Paulo Guedes, Bolsonaro insistiu:
“Recebemos muitas críticas de urnas. Algumas pessoas votavam para governador e se encerrava o voto. Outras apertavam o 1 e aparecia o candidato da esquerda [Haddad] (…) Se esse problema não tivesse ocorrido, se tivesse confiança no sistema eletrônico, já teríamos o nome do novo Presidente”.
Dias depois, Bolsonaro prometeu propor ao Congresso uma reforma nas urnas eletrônicas. Às vésperas do 2º turno, o TSE determinou ao Facebook e YouTube que removessem um vídeo em que Bolsonaro falava em “concreta” possibilidade de fraude.
Bolsonaro venceu o 2º turno e as acusações sumiram de repente. Não ocorreu a ninguém de sua equipe mandar investigar as urnas. Mudaram de pauta.
Nesta terça (15), o Presidente assinou um decreto que facilita a posse de armas de fogo. Discursou:
“Como o povo soberanamente decidiu por ocasião do referendo de 2005 para lhes garantir esse legítimo direito à defesa, eu, como Presidente, vou usar esta arma [mostra a caneta que usaria para assinar].”
O referendo de 2005 foi feito com urna eletrônica.
Será que o Presidente se lembra disso?