Para azar de Rodrigo Maia, Onyx Lorenzoni tem guinchado o DEM de volta à direita

Foto: Valter Campanato / Agência Brasil
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

O presidente do DEM, ACM Neto, tem dito que as indicações não são partidárias, mas do presidente eleito, e isso tem criado ruído na sigla. Como o sr. avalia esse mal estar?

Conversei com ACM Neto no fim de semana e ele disse que querem colocar como se houvesse uma indisposição [na sigla], mas não procede. O partido apoia 100% os nomes que hoje fazem parte do governo [eleito] e, com o reconhecimento dos quadros, o partido tem tudo neste momento —eu não antecipo por uma questão de [votação na] executiva—, mas hoje a posição será assumir 100% a base de apoio do presidente Jair Bolsonaro.

‘Tendência é que DEM seja parceiro integral do governo’, diz Caiado

Ronaldo Caiado fala pelo partido, mas sabe que opina pela ala que integra. A divisão que se percebe no governo de transição já existe no DEM há alguns anos. A parte que mergulhou de cabeça no impeachment de Dilma Rousseff, aquela que dialoga com movimentos de rua como o MBL, foi ofuscada por uma mais centro-esquerdista, governista, que mantém diálogo com figuras como Lula, Michel Temer e Aécio Neves. Esta presidiu a Câmara Federal nos últimos anos aniquilando qualquer chance de alguém como o senador goiano disputar a Presidência da República em 2018. E agora, com Jair Bolsonaro entregando tanto ministério à própria sigla, percebe que terá dificuldades para repetir o feito em 2019.

Na prática, Onyx Lorenzoni tem guinchado o Democratas de volta à direita que era quando ainda se chamava PFL. Para isso, fragiliza Rodrigo Maia e se disponibiliza a ser o novo grande nome do partido.

É cedo para dizer que mira uma sucessão. Mas havia uma promessa pouco crível que de Bolsonaro abriria mão de uma reeleição. E, desde José Dirceu, a Casa Civil vem servindo a quem deseja um dia vestir a faixa presidencial – objetivo esse atingido apenas por Dilma Rousseff.

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