Um elevador travado, um homem e uma mulher presos lá dentro. Para ele se sentir ameaçado, é necessário que perceba nela o porte de alguma arma somado à intenção de usá-la. Para ela sentir o mesmo pavor, basta que ele tenha plenas condições de usar os próprios membros.
Eis a diferença. Em decorrência da vantagem física, o corpo do homem se apresenta à mulher como uma arma letal. Tatiane Spitzner, por exemplo, não precisou encarar nada além disso para vir a óbito minutos depois.
As mulheres costumam ter essa noção. Mesmo que não tenham, o subconsciente há de disparar os devidos alertas, causando algum nível de desconforto.
Não por outro motivo, situações como a vivida por Cláudia Leitte, mesmo despropositadas, soam tão agressivas às mulheres. E por isso não dá para comparar com situações inversas, quando mulheres constrangem homens em público – neste caso, os riscos que atingem a vítima são mínimos.
Se a cantora baiana em si não causar a comoção ora reclamada, basta imaginar a própria mãe, irmã, filha ou namorada em contexto semelhante. Mesmo que do outro lado haja apenas um idoso milionário aparentando idade demais. Independente do contexto, é uma cena que transmite uma mensagem muito ruim.