OLAVO DE CARVALHO disse em entrevista no Conversa com Bial que Bolsonaro lhe ofereceu “o ministério da Educação ou o ministério da Cultura”, e que rejeitou a proposta. O programa foi ao ar nesta quarta (10).
“Achei que era uma questão de educação eu sugerir alguém [no lugar]”, contou o filósofo. Referindo-se também a Ernesto Araújo, acrescentou: “são até pessoas que eu não conheço muito bem, porque o Vélez eu conheci de vinte anos antes, os livros que ele escreveu. E o Ernesto eu conheci mal, eu só li os artigos dele, achei que era um intelectual de primeira ordem. Não tenho ideia da capacidade política dele, mas achei que era uma pessoa que podia fazer algo”.
Partidário do rigor filosófico, Olavo orienta seus alunos a não emitirem opiniões antes de muitos anos de estudo. No entanto, admitiu ter recomendado para ministérios importantes dois sujeitos que não conhece bem.
A entrevista foi gravada na casa de Olavo na Virgínia em 31 de março. Como Vélez foi demitido nesta segunda (8), antes de o programa ir ao ar, Bial resolveu acrescentar uma entrevista por videoconferência. “Onde Vélez errou e por que Weintraub vai acertar?”, perguntou Bial.
“O Vélez caiu na conversa daquele milico que entrou lá, que eu chamo de Coronel Croquetti“, respondeu Olavo. “Acho bom que ele tenha saído, não disse uma palavra contra ele, não tô bravo com ele nem nada”. Não é bem assim. Entre as mensagens recentes de Olavo no Twitter, por exemplo, estão:
“O Vélez se vendeu ou se deu? Não tenho a menor ideia”.
“Não vou perguntar ao Vélez os motivos do seu comportamento. Não sou psiquiatra dele”.
“O ministro Vélez boicotou os meus alunos, mas isso não é motivo para que eu o boicote por sua vez”.
“O ministério é do Vélez. Que o enfie no cu”.
Olavo disse mais: “Os caras é que armaram confusão lá dentro do ministério. Em vez de trabalhar seriamente, começaram a fazer intriga, jogar um contra o outro, isso aí não pode”. Em 8 de março, ele pediu aos seus alunos com cargos no governo que deixassem os empregos.
Ao fim da entrevista, Bial perguntou quantos alunos Olavo têm em seu Curso Online de Filosofia. Ele respondeu: “de 3 000 a 5 000, sempre”. A mensalidade é atualmente de 60 reais (30 dólares para quem paga via PayPal). Se todos os alunos pagam em reais, Olavo faz de 180 000 a 300 000 reais por mês apenas com o COF, sem considerar os direitos autorais de livros e a receita de cursos avulsos. Não é à toa que tantos professores universitários têm inveja dele.