Essa tarefa de refundação passa por um passo muito simples: enquadrar o MEC no contexto da valorização da educação para a vida e a cidadania a partir dos municípios, que é onde os cidadãos realmente vivem. Acontece que a proliferação de leis e regulamentos sufocou, nas últimas décadas, a vida cidadã, tornando os brasileiros reféns de um sistema de ensino alheio às suas vidas e afinado com a tentativa de impor, à sociedade, uma doutrinação de índole cientificista e enquistada na ideologia marxista, travestida de “revolução cultural gramsciana”, com toda a coorte de invenções deletérias em matéria pedagógica como a educação de gênero, a dialética do “nós contra eles” e uma reescrita da história em função dos interesses dos denominados “intelectuais orgânicos”, destinada a desmontar os valores tradicionais da nossa sociedade, no que tange à preservação da vida, da família, da religião, da cidadania, em soma, do patriotismo.
O simples não necessariamente é fácil. Ricardo Velez Rodrigues acerta ao dizer que falta à educação brasileira fazer antes um trabalho de longo prazo junto aos municípios. Mas talvez o ministro escolhido por Jair Bolsonaro para a Educação não perceba que jogará na casa do adversário.
A pasta em questão é das mais inflamáveis. De fato a educação brasileira tem sido guiada por um forte viés ideológico de esquerda, que trabalhava no Brasil não com foco na formação do cidadão, mas no uso político de estrutura tão grandiosa. Contudo, promover tamanha mudança com simples ordens de um gabinete em Brasília há de funcionar como um fósforo riscado dentro de um tanque de combustível.
Do outro lado, há também lunáticos. Estes salivam pela foto em que aparecerão confrontando forças policiais. Do embate podem sair as justificativas que ambos desejam para praticarem os fetiches mais autoritários. Ao final da peça, todo o país perde. Em especial, as futuras gerações.
Como diz a sabedoria popular já cantada pelo Mestre Ambrósio: “Terra alheia? Pisa no chão devagar.”