O GOVERNO DO MÉXICO afirmou nesta segunda-feira (14) estar disposto a mediar as crises políticas na Nicarágua e na Venezuela. A declaração veio após as decisões tanto do Grupo de Lima (no dia 4) quanto da OEA (no dia 10) de não reconhecer o novo governo Maduro. Em ambos os casos, o México se absteve.
Maximiliano Reyes Zúñiga, subsecretário do MRE mexicano, declarou em audiência no Senado:
“A diplomacia mexicana terá um papel decisivo na América Latina e no Caribe. O México deve ser um líder na região, e estamos dispostos a assumir esta responsabilidade. É o momento em que o México volta a olhar para o Sul”.
Não é uma declaração solta. O novo presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, tomou posse em 1º de dezembro. É fundador do partido Morena, integrante do Foro de São Paulo segundo o site da organização. Faz sentido que, com Obrador como líder, o México concentre esforços nos vizinhos ao sul, especialmente os companheiros de Foro.
Apesar da linguagem moderada, a posição mexicana é clara. Enquanto muitos vizinhos isolam e condenam regimes violentos e ditatoriais como o de Nicolás Maduro, Obrador não fará o mesmo. Tem compromissos.
A mais recente reunião do Foro de São Paulo foi realizada em julho de 2018, em Havana. Dilma e Gleisi compareceram e publicaram fotografias do evento em suas redes sociais. Na época, a turma da esquerda preferiu ignorar e zombar da “URSAL” de Cabo Daciolo. Ocorre que a resolução daquele ano expressa apoio aos governos de El Salvador, Nicarágua e Venezuela, todos os quais já usavam de violência contra a oposição.
Apesar da ida de Gleisi à posse de Maduro, o Brasil deixou de ser o principal colaborador do Foro por motivos óbvios. Agora cabe ao Morena de Obrador assumir a liderança na defesa dos compañeros. Mas a turma do Foro está bem mais isolada que antes.
Em dezembro, por ocasião da Cúpula Conservadora das Américas – declaradamente uma reação direitista ao Foro de São Paulo – escrevi que estava se desenhando um novo conflito na América Latina, “entre a turma do Foro e a turma da Cúpula”. O primeiro campo de batalha (ainda que diplomática) já é a Venezuela.