MARCIO LACERDA, ex-prefeito de BH (2009-2016), acaba de provar do próprio veneno.
Era 2016 e Lacerda (PSB) estava terminando seu segundo mandato. Precisava, portanto, indicar um sucessor. Em vez de apoiar o próprio vice, que era candidato, lançou o executivo Paulo Brant. Brant era presidente da Cenibra, fabricante japonesa de celulose sediada em Minas Gerais (sim) com faturamento anual na casa dos R$ 2 bilhões. O jornal O Tempo, o principal do estado, especulava à época que Brant recebia um salário mensal entre 120 000 e 150 000 reais. Abriu mão do emprego para se candidatar a prefeito, com o apoio de Marcio Lacerda.
Paulo Brant foi nomeado como candidato do PSB, com convenção e tudo. Mas na undécima hora Lacerda voltou atrás. Depois de Brant sair da festa na Cenibra celebrando seu pedido de demissão, o então prefeito anunciou que retirava a candidatura. Acabou apoiando, aí sim, o próprio vice, Délio Malheiros (PSD), que encerrou o 1º turno num belíssimo 5º lugar, com menos de 6% dos votos.
Neste ano, Lacerda se lançou pré-candidato ao governo de Minas. Dada a má avaliação do governo Pimentel, não era uma meta tão difícil. Em junho, Lacerda participou do Congresso Mineiro de Municípios ao lado de outros seis pré-candidatos ao Palácio da Liberdade (Pimentel não apareceu. O próprio vice-governador disse ali que Pimentel temia ser vaiado pelas centenas de prefeitos presentes).
O mundo dá voltas. Nesta semana, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, autorizou a dissolução do diretório do partido em Minas e reafirmou que Lacerda não será candidato. O acordo entre PSB e PT foi fechado com um presidiário com o objetivo de aumentar as chances de Pimentel e manter o PSB neutro na disputa à Presidência. Em troca, o PT abriu mão de disputar o governo de Pernambuco.
Paulo Brant, quem diria, disse que não concorda com a atitude do PSB. É hoje candidato a vice-governador pelo Novo, na chapa de Romeu Zema.
Carlos Siqueira disse que a candidatura de Lacerda era de “faz-de-conta”.