Brasil

Antes do Lulazord: apenas 4 pessoas manipularam 131 “fakes” pró-Dilma

A CAMPANHA DE 2018 não teria sido a primeira em que o PT se organizou para manipular a opinião pública por intermédio de expedientes nada nobres. Oito anos antes do “Lulazord”, escândalo que envolveu a contratação secreta de influenciadores digitais para a divulgação de campanhas ligadas ao partido, ao menos 131 perfis falsos trabalharam em benefício de Dilma Rousseff em 2010. É o que garantiu uma excelente matéria da BBC News em março de 2018.

Na ocasião, as principais plataformas foram o Twitter e o finado Orkut. Manipulados por apenas quatro pessoas que ganhavam mais de R$ 6 mil mensais (em valores atualizados pela inflação), a rede clandestina tinha por objetivo desmentir boatos que prejudicavam o PT, pedir voto para a candidata do Governo Federal, criticar o trabalho da imprensa e atacar e até publicar boatos que prejudicavam adversários. Em dado momento, o quarteto espalhou, por exemplo, que o Vaticano estaria discutindo a excomungação de José Serra, principal nome da oposição.

Três dos quatro funcionários disseram que foram recrutados por uma empresa de marketing político baseada em São Paulo. A Ahead Marketing informava no próprio site que participara de campanhas vitoriosas para a Presidência da República, mas não surgia na prestação de contas da campanha de Dilma. Entretanto, a BBC News observou que outro CNPJ de um dos sócios recebeu R$ 234 mil da contabilidade oficial de Fernando Pimentel, que disputara uma vaga ao Senado pelo PT.

Com características próprias sempre associadas a programas de gestões petistas, os perfis falsos eram apelidados internamente de “ectos”, referência a “ectoplasma”, ou simplesmente “fantasmas”. Para atrair seguidores masculinos, costumavam retratar mulheres sempre interessadas em homens politizados.

Mesmo com os whistleblowers dizendo que só trabalharam em 2010, a reportagem percebeu que havia mensagens contrárias a Aécio Neves na campanha de 2014, comprovando que a rede permaneceu ativa mesmo com Dilma na Presidência do Brasil.

Naquela primeira disputa, o trabalho digital da campanha de Dilma ficou a cargo da Pepper Interativa, agência que já apareceu na Lava Jato como destinatária de pagamento ilegal na disputa pela reeleição. A empresa é sediada na mesma Belo Horizonte do escândalo do Lulazord – o que tem muito para não ser coincidência.

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Publicado por
Marlos Ápyus