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Em 2008, Jair Bolsonaro defendia que nem todo miliciano era “símbolo de maldade”

Na Câmara Federal, o deputado Chico Alencar havia saudado Marcelo Freixo, que entregara o relatório da CPI das Milícias ao presidente da casa. Mas Jair Bolsonaro de alguma forma encontrou no gesto uma brecha para mais um de seus confrontos com as lideranças de esquerda. Ao microfone, deu-se a provocar ambas. E incomodou-se até com o fato de o deputado estadual pelo Rio de Janeiro, que tinha sido ameaçado de morte justamente pelo trabalho na Comissão Parlamentar de Inquérito, andar de carro blindado:

Hoje, de forma covarde – porque ele é um covarde -, Marcelo Freixo anda em carro blindado e com meia dúzia de seguranças. Ele tem de dar o exemplo. Se é homem suficiente para pedir o desarmamento, dê o exemplo: não ande em carro blindado e com meia dúzia de seguranças.

Críticas ao relatório final da CPI das Milícias, realizada pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro

Não podia generalizar

Na sequência, ainda deputado-federal chegou inclusive a defender que atuava no Rio de Janeiro um tipo de miliciano que não poderia ser confundido com aqueles que aterrorizavam os bairros mais pobres da região metropolitana. “Não podemos generalizar“, disse a Arlindo Chinaglia.

O meu Estado, lamentavelmente, é diferente dos demais. Para pior. Nenhum Deputado Estadual faz campanha para buscar, realmente, diminuir o poder de fogo dos traficantes, diminuir a venda de drogas no nosso Estado. Não. Querem atacar o miliciano, que passou a ser o símbolo da maldade e pior do que os traficantes. Existe miliciano que não tem nada a ver com “gatonet”, com venda de gás. Como ele ganha 850 reais por mês, que é quanto ganha um soldado da PM ou do bombeiro, e tem a sua própria arma, ele organiza a segurança na sua comunidade. Nada a ver com milícia ou exploração de “gatonet”, venda de gás ou transporte alternativo.

Então, Sr. Presidente, não podemos generalizar.

Críticas ao relatório final da CPI das Milícias, realizada pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro

Dez anos depois, a polícia interceptou mais um plano para matar Freixo. Os três envolvidos são ligados ao mesmo grupo de milicianos investigados pela morte de Marielle Franco, também do PSOL. Morta em 14 de março de 2018, a vereadora carioca foi vítima de um atentado enquanto se deslocava num carro sem blindagem.

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Publicado por
Marlos Ápyus