FERNANDO HADDAD e Jair Bolsonaro deram entrevistas ao vivo nesta segunda-feira (8) ao Jornal Nacional. A primeira pergunta aos dois foi basicamente a mesma: se respeitariam a Constituição em vez de tentar substitui-la por outro documento. Triste o País em que candidatos têm de responder a isso, mas a pergunta foi justificada em ambos os casos por causa do programa de governo (no caso do poste de Lula) e declarações do vice (no caso do ex-chefe da Wal).
Na manhã desta mesma segunda, o intelectual Celso Rocha de Barros publicou artigo na Folha delineando o caminho a ser seguido por Haddad: apresentar-se de banho tomado na tentativa de atrair votos novos. Tudo, claro, só jogo de cena; as pautas radicais podem ser retomadas assim que as condições permitirem. Não sou eu que penso assim, mas ele que escreveu:
“Enfim, é hora de esquecer o programa do primeiro turno e abraçar o programa da frente democrática que deve se formar no segundo. Esse programa deve reconhecer a necessidade de ajuste fiscal, corrigindo os defeitos do ajuste de Temer, e deixar de lado toda palhaçadinha de nova Constituição, controle da mídia, e demais babaquices que intelectual petista burro enfiou no programa de governo porque estava com raiva do impeachment.
Algumas dessas propostas podem até ser dignas de discussão, mas só depois de o PT reconquistar a confiança geral da população quanto à sua condição de partido responsável, na economia e na política”.
Ou seja: Haddad, é hora de fazer cara de bonzinho. Depois que você subir a rampa do Planalto, pode mostrar as garras.
No PT nada se faz de forma descoordenada. Intelectuais e cardeais dançam a mesma coreografia. Reportagem da Folha mostra que o senador-eleito Jaques Wagner já foi escalado para mostrar que “a partir de agora a campanha deve ter a cara do candidato e não a do ex-presidente Lula, seu padrinho político”.
Haddad, cuja campanha mentirosa destacava o nome de Lula; que se apresentava como o “candidato de Lula”; que em algumas imagens mostrava Lula e escondia Manuela; que pediu aos eleitores para enviarem denúncias de “fake news” para o “Zap do Lula”; que vestiu uma máscara de Lula; que toda segunda-feira foi a prisão em Curitiba visitar Lula, agora quer fingir que não é Lula.
Por falar nisso, o generoso Lula até fez um agrado a seu ex-ministro:
“Como mostrou a Folha, Lula já liberou Haddad das visitas semanais a Curitiba, onde o ex-presidente está preso desde abril”.
Que charminho. O menino de 55 anos, de banho tomado, que visitou Lula nesta segunda, ficou dispensado do compromisso nas próximas duas segundas até o 2º turno. Ou seja, só terá visitado Lula em um terço das segundas habituais!
Como vemos, é uma enorme mudança.