Desde 1º de janeiro de 2019, Gustavo Bebianno é Secretário-Geral da Presidência do Brasil, função que permite ao advogado assessorar Jair Bolsonaro nas atribuições do cargo. A primeira tentativa de aproximação da dupla se deu em 2015, no que o assistente remeteu a Carlos Bolsonaro conselhos ao pai do vereador. Mas só teria algum sucesso em 2017, quando o lançamento de um livro de Flávio Bolsonaro serviu de ponte.
Bebianno encontrou o deputado em um estúdio de fotos em que o deputado Flávio Bolsonaro (PSL), outro filho de Jair, fazia algumas imagens. O advogado soube da presença do capitão no local e foi para lá a fim de se apresentar como advogado voluntário para sua pré-campanha. A oferta não foi aceita de início.
Bebianno cercou o então pré-candidato em eventos de lançamento do livro de Flávio sobre a vida do pai. Embora seja definido por amigos do curso de direito na PUC-Rio como alguém sem muito destaque na área jurídica, foi com essa formação que conquistou Bolsonaro. Ele enumerou problemas na defesa do deputado em casos no STF (Supremo Tribunal Federal), em especial ao que é réu por ter dito à deputada Maria do Rosário (PT-RS) que só não a estuprava porque ela não merecia.
De admirador a braço direito de Bolsonaro, advogado vira ‘faz tudo’ em campanha
Uma reportagem de Severino Motta oferece uma luz à forma como se deu a conquista. Além dos conhecimentos jurídicos, Bebianno teria alegado alguma influência sobre Luiz Fux, ministro do STF.
Segundo os apoiadores de Bolsonaro ouvidos pela reportagem, Bebianno teria se vendido como uma pessoa com alguma influência sobre o ministro do STF Luiz Fux.
Como Bolsonaro responde a processos no Supremo (por ofensas à deputada petista Maria do Rosário e pela acusação de racismo contra quilombolas), uma ajuda na corte não seria de se jogar fora.
Uma mensagem de WhatsApp provocou um pandemônio na campanha de Bolsonaro
Na condição de vice-presidente de um STF em férias, Fux assumiu o plantão da casa na segunda-feira, 14 de janeiro de 2019. Coincidentemente ou não, na quinta-feira, pela caneta do ministro, a investigação que atingia o ex-motorista e segurança de Flávio foi suspensa a pedido do senador.
Nas redes sociais, várias personalidade do meio jurídico adiantaram um posicionamento contrário à suspensão. Em especial, chamou atenção a de Janaina Paschoal, filiada ao mesmo PSL a que Bebianno se filiou em março de 2018.
Respeitosamente, entendo que a decisão do Ministro Fux está equivocada. O precedente que tratou da prerrogativa de foro realmente foi no sentido de que os casos devem ser analisados em concreto; entretanto, os fatos devem ser posteriores ao início do mandato. Não é o caso!
Janaina Paschoal
Mesmo os integrantes do Supremo entenderam a iniciativa de Flávio como um tiro no pé que pode envolver ainda mais o presidente da República numa crise que já o tangenciava em várias frentes. Afinal, para se safar por lá, talvez seja necessário o secretário-geral da Presidência ter influência sobre um número bem maior de gabinetes.