Dias antes de cair, Bebianno peitou ameaças que suspeitava virem de milicianos

“Não só suspeitas como fortes indícios e depoimentos. Estamos apurando. O que podemos assegurar é que há muita coisa estranha por lá.” Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

“Não só suspeitas como fortes indícios e depoimentos. Estamos apurando. O que podemos assegurar é que há muita coisa estranha por lá.”

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

No final de janeiro, Luiz Henrique Mandetta exonerou a diretora do Hospital Federal de Bonsucesso. Indicada ao cargo por Wilson Beserra, deputado federal do MDB, a ex-diretora enfrentava críticas por aparelhar a estrutura com pessoas inexperientes. O próprio ministro da Saúde afirmou que os seis hospitais federais do Rio de Janeiro estariam sob o controle de milicianos.

No 6 de fevereiro seguinte, o Governo Federal enviou uma força-tarefa às seis instituições com objetivo de combater fraudes e promover melhorias. Além da meia dúzia de diretores, o ministro acompanhou-se de Gustavo Bebianno. Na ocasião, o ainda secretário-geral da Presidência da República revelou que a comitiva fora ameaçada, mas que não iria se deixar intimidar:

“A nossa campanha, do presidente eleito, teve facada, sangue, suor e lágrimas. Nós não vamos nos intimidar com ameaças veladas, com discursos contrários ao nosso trabalho.”

Ministro relata ameaça a equipe do governo em hospital no RJ e suspeita de atuação de milícia

A jornalista Andréia Sadi perguntou a Bebianno se suspeitavam que as ameaças teriam partido de milicianos, no que recebeu uma resposta positiva:

Não só suspeitas como fortes indícios e depoimentos. Estamos apurando. Não podemos afirmar, ainda, em definitivo, se há ou não o envolvimento direto de milícias na gestão do hospital de Bonsucesso. O que podemos assegurar é que há muita coisa estranha por lá.”,

Ministro relata ameaça a equipe do governo em hospital no RJ e suspeita de atuação de milícia

Bebianno concluiu a resposta dizendo que o próprio Jair Bolsonaro, que recuperava-se de uma terceira cirurgia em São Paulo, teria interesse em minar o poder das milícias. O posicionamento desmentia o noticiário, que vinha rememorando as oportunidades em que o clã Bolsonaro se dera a defender integrantes destas organizações criminosas.

Contudo, uma semana depois, quando as manchetes atacavam o PSL pelo uso de laranjas na eleição de 2018, e o presidente da República finalmente recebia alta, o articulador da campanha vencedora foi chamado de mentiroso por Carlos Bolsonaro, em jogada ensaiada e endossada pelo pai.

Após quase uma semana de crise e muita cautela em Brasília, o secretário-geral foi finalmente exonerado.

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