A RECENTE ESCALADA na guerra comercial entre Estados Unidos e China pode abrir oportunidades para agricultores brasileiros. A análise é da Stratfor.
Washington e Pequim recentemente anunciaram chumbo trocado na imposição de novas tarifas comerciais. Isso inclui um aumento nas tarifas chinesas sobre a soja americana. A recente queda no preço da commodity deu fôlego a China para aguentar as tarifas enquanto busca alternativas, como aumentar a produção local e comprar mais soja do Brasil.
No último ano a produção brasileira de soja chegou a 113 milhões de toneladas, sendo 70 milhões destinadas à exportação. Atualmente a China compra 60% das exportações mundiais de soja, e pouco mais da metade desse volume é fornecido pelo Brasil. Isso ajudou o País a registrar um superávit comercial de US$ 20 bilhões com a China em 2017.
Contudo, avisa a Stratfor, a infraestrutura precária no Brasil tem “severamente atrapalhado” o crescimento do cultivo para exportação (quem diria…). Mais da metade da nossa produção de soja está localizada no Mato Grosso, e mais de 60% viaja de caminhão. Nossos custos de transporte são 30% mais altos que os dos agricultores americanos, embora nossa soja seja produzida a preço mais baixo, cerca de US$ 1 a menos por tonelada.
O cenário está mudando. A construção de portos no Pará tem permitido o acesso a uma rota mais rápida e barata para a soja chegar à China. Para o final deste ano está prevista a licitação de uma ferrovia que ligará o Mato Grosso ao Rio Patajós. Naturalmente, existem empresas chinesas interessadas. Segundo a Stratfor, agricultores do Mato Grosso já assinaram entendimento para aumentar o uso do Canal do Panamá. Essa rota “por cima” economiza cinco dias de viagem até a China e ainda evita os congestionamentos nas estradas do Sudeste.
Melhorando sua infraestrutura, o Brasil – que já passou os Estados Unidos como principal fornecedor de soja à China em 2013 – pode crescer ainda mais. E temos outras vantagens. Em nosso clima mais quente, a soja fica com mais proteína do que a americana. Temos mais terra arável para expandir a produção. E ao que parece, a guerra comercial entre EUA e China vai continuar por algum tempo.
Se a gente melhorar nossa infraestrutura, temos muitas oportunidades para conquistar.