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Governo apresenta hoje Plano Nacional de Fertilizantes, que deveria ter ficado pronto em novembro

O GOVERNO FEDERAL APRESENTA na manhã desta sexta (11) o Plano Nacional de Fertilizantes, que deveria ter ficado pronto em novembro.

Em janeiro de 2021, há mais de um ano, Bolsonaro assinou decreto criando o Grupo de Trabalho Interministerial para desenvolver o Plano Nacional de Fertilizantes.

A ideia era o grupo durar 120 dias, contados a partir da 1ª reunião.

Uma portaria que entrou em vigor em julho adiou os trabalhos para mais 120 dias – portanto, o grupo deveria ter terminado o trabalho em novembro de 2021.

Mas o plano não foi publicado no Diário Oficial até hoje.

Em outubro o Diário Oficial chegou a registar duas movimentações sobre o assunto. Houve substituição dos representantes da Casa Civil e do Ministério da Agricultura.

Pouco antes de a Rússia invadir a Ucrânia o tema ganhou destaque na agenda nacional. A Rússia é o principal fornecedor de fertilizantes para o Brasil.

Bolsonaro quis usar a invasão como desculpa para autorizar a mineração em terras indígenas. Está supostamente atrás de potássio.

Especialistas e reportagens já mostraram que a desculpa é furada. O potássio na Amazônia não está em terras indígenas. Além disso, a maioria das reservas de potássio do Brasil não está nem na Amazônia.

Numa jogada típica do governo Bolsonaro, a ministra Tereza Cristina desautorizou declarações do chefe.

Na quarta da semana passada (2), a ministra disse, em entrevista coletiva: “Neste momento, nós não temos problema com a safrinha que acontece. A safra de verão é uma preocupação que nós temos, que será setembro, final de setembro, outubro. Mas também nós temos do setor privado a confirmação de que nós temos um estoque de passagem de fertilizante, um volume que é suficiente para chegar até outubro”.

Procurado por A Agência, o Palácio do Planalto dirigiu as perguntas para o Ministério da Agricultura.

O Ministério da Agricultura não informou por que o Plano Nacional de Fertilizantes, que deveria ter ficado pronto em novembro, só será apresentado agora. Apenas mandou link com release do evento de hoje.

Na manhã desta quinta (10), à Comissão de Agricultura do Senado, o embaixador Alex Giacomelli da Silva, diretor do Departamento de Promoção de Energia, Recursos Minerais e Infraestrutura do Itamaraty, disse o seguinte:

“Ontem ainda [quarta, 9], eu conversei com o nosso embaixador em Moscou, o embaixador Rodrigo Baena Soares, e, até aquele momento, ele confirmou – ele havia conversado, inclusive, com os grandes empresários desse setor ontem mesmo – que, apesar das dificuldades, não havia impeditivos absolutos para a continuidade das exportações. As empresas consideram que há alternativas para viabilizar o pagamento – como o uso de bancos intermediários de outros países, traders e pagamentos em outras moedas, inclusive em real – e também haveria, ainda que em caráter já mais reduzido, disponibilidade de frete e seguro.

No tocante aos portos, a opção atualmente consiste em passar a usar somente terminais russos, sobretudo os de São Petersburgo e de Kaliningrado, evitando, assim, os da União Europeia. Na última sexta-feira [4], um navio com carregamento de fertilizantes partiu da Rússia para o Brasil.

Agora, é importante fazer sempre a ressalva de que essa é uma situação que pode mudar a qualquer momento”.

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Publicado por
Cedê Silva