Este homem jura que seu partido não participou do governo da mulher ao fundo. Foto: Reprodução
O DEPUTADO FEDERAL Marcelo Freixo (PSOL-RJ) disse na sexta-feira (5) que o PSOL “não participou dos governos do PT”. Ele respondia a um perfil no Twitter que lhe questionou sobre as origens do desemprego no Brasil.
Ferramentas como o Basômetro, do Estadão, de fato mostram que o PSOL votou poucas vezes com o governo Dilma. Também é fato que nenhum filiado ao PSOL foi ministro nos governos do PT. Mas esses números não dizem tudo. Juntamente com a Rede, o PSOL sempre foi parte do Partido Linha Auxiliar do PT, o PLAPT.
Em primeiro lugar, nem todas as votações têm o mesmo peso. No fim de 2014, pouco depois de Dilma ser reeleita, o PSOL votou junto com o PT na mudança da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que desobrigou o governo de cumprir a meta de superávit primário, um absurdo que deu fôlego à Dilma. O partido também militou com ferocidade contra o impeachment.
Mais importante é o que PSOL não fez. O partido nunca se posicionou criticamente a respeito dos problemas mais graves dos governos do PT, como o petrolão ou a política externa pró-ditaduras. Hoje, tenta carimbar no governo Bolsonaro a pecha de “pró-banqueiros”, esquecendo-se de que o lucro dos bancos no governo Lula foi oito vezes o do período FHC.
“Não participar” tem suas vantagens. Sem ter ocupado um cargo na administração, ninguém pode cobrar metas ou resultados de você, como a deputada federal Tabata Amaral fez com Ricardo Vélez. Basta ficar na torcida, apoiando tudo o que der e vier, e fingir fazer oposição.
Em outubro de 2015, Jean Wyllys participou de sessão da CPI dos Crimes Cibernéticos. Em certo momento, disse: “eu sou do PSOL e faço oposição ao Governo Dilma, oposição à esquerda…”. Os colegas caíram na gargalhada. Freixo, que na época estava na Alerj, não ouviu.