EM FEVEREIRO DE 2018, o quilo do pão francês variava de R$ 6,75 a R$ 13,90 nas padarias de João Pessoa. De acordo com estimativa do FIEP, isto significava que, se um morador de rua comprasse um pedaço de 50 gramas na capital paraibana, estaria pagando entre 6 e 12 centavos de imposto. Ao término de um ano, considerando que atingiria a graça de três refeições diárias de tão desejada iguaria, o pobre coitado ajudaria a máquina pública com uma cota que poderia superar a centena de real.
No final do governo Lula e segundo o IPEA, a carga tributária estava em 36 pontos percentuais. Mas era uma média. Aos mais ricos, ficava em 29 pontos. Aos mais pobres, em 54. Noutras palavras, mais da metade do máximo de 2 salários mínimos que aqueles brasileiros conquistavam eram corroídos por impostos – com a importante diferença de que é fácil para um membro do primeiro grupo viver bem com uma pequena fração da própria fortuna.
Há uma explicação para o fenômeno. Por mais que o Estado se esforce para que a elite arque com uma carga tributária maior, o Brasil segue como uma das nações que mais pesam a mão junto a bens e serviços, ou o foco do consumo das camadas menos abastadas. Desta forma, ainda que proporcionalmente, quem menos tem é quem mais se vê obrigado a contribuir.
Na academia brasileira, há um fetiche socialista demandando que o governo provenha tudo, do mais necessário ao mais supérfluo. Quando um economista sugere, por exemplo que os alunos mais ricos assumam mensalidades até mesmo em universidades públicas, argumenta-se que, uma vez que os impostos são recolhidos por todos os cidadãos, todos os cidadãos têm igual direito a uma cadeira que é erroneamente tratada como gratuita.
Como explicitado no parágrafo inicial, querer que o governo pague tudo é querer que até moradores de rua ajudem a quitar a fatura. Por isso que a sociedade deveria se esforçar em selecionar melhor aquilo que consumiria recursos da poupança pública, daquilo que poderia ficar aos cuidados de um financiamento privado.
Ao fim, os problemas do Brasil parecem remeter a uma mesma ojeriza ao capitalismo. Que talvez até tenha razão de existir, mas não faz sentido continuar existindo. Porque, mesmo não sendo um sistema perfeito, ao menos possui compromisso bem menos firme com o erro. E está sempre disposto a premiar aquele que encontrar uma solução para este.
O anticapitalismo não é só anacrônico e cafona. O anticapitalismo é danoso. E o Museu Nacional do Rio de Janeiro foi só mais uma de suas vítimas.