No momento em que estas palavras são escritas, o bolsonarismo se esbalda com matéria da Folha de S.Paulo publicada sob o título “Telegramas detalham drible no Congresso para Brasil e Cuba criarem o Mais Médicos“. De fato se trata de um texto rico em informações exclusivas que colocam em suspeição o trabalho do governo Dilma junto ao programa. Mais ainda, é a primeira notícia que rende pontos positivos à lambança feita por Jair Bolsonaro ainda na condição de presidente eleito.
Contudo, uma breve busca nas redes sociais confirma que não há qualquer cobrança para que o jornal apresente provas da existência dos telegramas diplomáticos, descritos como sigilosos por um período de cinco anos. Para confiar na informação repassada é necessário confiar na reputação do veículo, ou seja, confiar que a Folha simplesmente não inventaria ou publicaria algo sem a devida apuração.
A postura é perfeitamente oposta à observada quando o jornal denunciou que empresários bancavam no WhatsApp uma campanha em benefício de Jair Bolsonaro, o que poderia ser entendido como uso de caixa dois e, em um caso extremo, justificar a cassação da chapa que findaria vitoriosa.
O bolsonarismo precisa decidir se um jornal precisa apresentar provas de tudo o que publica, ou se confia no sigilo de fonte, valor tão caro à prática jornalística que, no Brasil, é protegido pelo texto constitucional. Do contrário, há de se converter em mais um exemplo do mesmo governismo incoerente já típico da política nacional.