O PRESIDENTE DONALD TRUMP parecia ser um grande fã de armas nucleares. Em dezembro de 2016, quando ainda era presidente-eleito, twittou que os Estados Unidos deveriam “fortalecer e expandir sua capacidade nuclear grandemente”. Questionado pela jornalista da MSNBC Mika Brzezinski sobre a declaração, Trump respondeu: “deixe acontecer uma corrida armamentista”.
Essas declarações se transformaram em política pública. Em fevereiro deste ano, o Pentágono divulgou a nova Nuclear Posture Review (NPR). O texto diz que embora os Estados Unidos tenham reduzido seu arsenal nuclear em mais de 85% desde o apogeu da Guerra Fria, as ameaças globais “pioraram muito desde a NPR mais recente, em 2010” (durante o governo Obama). E pede o aumento do alcance e flexibilidade das armas nucleares americanas, incluindo o desenvolvimento de mais armas nucleares “leves” (low-yield), como as possuídas em grande número pela Rússia.
Pois bem. No encontro realizado em Helsinque nesta segunda-feira (16), Trump parece ter revertido a marcha sobre o arsenal nuclear. Declarou à imprensa:
“E acho que o mundo quer ver a gente se dando bem. Somos as duas maiores potências nucleares, temos 90% das [armas] nucleares, e isso não é uma coisa boa, é uma coisa ruim. Acho que a gente pode fazer alguma coisa a respeito porque não é uma força positiva, é uma força negativa. Então vamos falar disso dentre outras coisas”.
Pode ter sido uma estratégia de Trump: falar grosso para depois arrancar concessões. Pode ser que Trump não falava a sério. Ou pode ser que Putin o tenha convencido a mudar de ideia.