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CHARADA É UM INCEL caçador de ‘likes’ no novo Batman, dirigido por Matt Reeves e com Robert Pattinson no papel-título.
Na trilogia de Nolan, a multiplicação do vilão ao inspirar multidões também foi um dos temas. No filme de 2008, o Coringa incita os passageiros de um barco a explodir outro barco cheio de presidiários, queima dinheiro, e se entusiasma na esperança de que os cidadãos de Gotham perderão a fé em Harvey Dent.
Já no filme de 2012 Bane faz um famoso discurso em um estádio de futebol americano, usando um microfone, dizendo à multidão: “Tomem controle da sua cidade”.
A multiplicação do vilão – seu papel como inspirador de atos criminosos em outras pessoas – é um dos elementos mais assustadores nas histórias do Batman. É fácil para ele cobrir de porrada um ou outro criminoso e colocá-lo no Asilo Arkham, mas o que fazer com centenas ou milhares de copycats? A multiplicação também ocorre em Coringa (2019), em uma história em que Bruce Wayne ainda é uma criança.
Nessas histórias, um dos medos de Batman é que o vilão vire meme – uma ideia contagiante, que se multiplica.
O fervor revolucionário volta em 2022, desta vez com o Charada. Mas ele não precisa de microfone nem um estádio: basta um celular e uma rede semelhante ao Instagram.
O Charada interpretado por Paul Dano é um caçador de ‘likes’ e seguidores. Após uma das ‘lives’, vários deles também usam máscaras e saem armados às ruas, numa ‘flash mob’ macabra de terroristas domésticos.
É um Charada ‘influencer’, perfeitamente crível nos dias de hoje. Um Charada QAnon. Se fosse russo, seria do movimento Z.
Charada fica triste e sente o sabor da derrota quando Batman diz que ele não será notado, que não vai conquistar a fama que queria. Da mesma maneira que certos políticos caçadores de ‘likes’ no Brasil, que se alimentam da indignação, da polêmica: o que mais temem é não serem notados. Que o meme não viralize.
Aqui mesmo no Brasil também temos Charadas. Alguns com cargos públicos. Outros invadem escolas e atiram em crianças.