Devemos ter um Ministério da Solidão?

Ministério da Solidão talvez não precise de muitos funcionários. Foto: Stefan Stefancik/Pexels

O REINO UNIDO TEM um Ministério da Solidão? Quase. Na verdade, Tracey Crouch, subministra dos Esportes e da Sociedade Civil, chefia desde janeiro um grupo responsável por políticas públicas relacionadas à solidão. Apesar de como costuma aparecer na imprensa, por enquanto não existe propriamente o cargo de “ministra da Solidão”, nem o prédio desse ministério – o que evocaria instanteneamente imagens de 1984.

Em junho, a primeira-ministra Theresa May anunciou um reforço de 20 milhões de libras (R$ 96 milhões) no orçamento da pasta para ajudar mais gente a estabelecer e manter conexões, segundo a The Economist.

A solidão é um problema de saúde pública. Diz a revista:

“A solidão é cara: pesa nas despesas do Serviço Nacional de Saúde. Se diz que faz tão mal à saude de uma pessoa quanto fumar 15 cigarros por dia, e é duas vezes mais letal que a obesidade. Onde há solidão severa, é provável também haver demência, pressão alta, ansiedade e depressão. A solidão pode ter um efeito devastador na saúde mental, ocasionalmente levando, nos casos mais extremos, a crimes hediondos”.

No Reino Unido, meio milhão de pessoas “regularmente” passam até uma semana sem ver ninguém. O problema é maior entre os idosos, e vai piorar com o envelhecimento da população – serão mais de 10 milhões de britânicos acima dos 75 anos em 2040.

Não há nenhuma razão para acreditar que a situação seja diferente no Brasil, cuja população também passa por rápido envelhecimento. Teremos mais idosos do que crianças já em 2039, coisa de vinte anos.

Ao contrário do texto sobre o sistema eleitoral americano, porém, a Economist conclui que a solução não está tanto no governo, mas na sociedade civil. Bastaria cada um de nós abrir espaço em nossa vida para uma pessoa solitária.

A gente evitaria a indicação de mais um ministro, com todos os cargos e gastos que isso implica. E chegaríamos como País à conclusão de que é melhor ficar sozinho juntos.

 

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