O CAIXA 2 VAI AUMENTAR muito nas eleições de 2018. A expectativa é de Claudio Weber Abramo, vice-presidente da Transparência Brasil.
O motivo é uma decisão do STF, tomada em 2015, que proibiu doações de empresas para campanhas eleitorais e partidos. A decisão já valeu para as eleições municipais de 2016.
Referindo-se ao entendimento do STF que na prática transformou todas as doações de empresa em caixa 2, Abramo disse:
“Pra quem acha que isso aí moralizaria as eleições, a expectativa é praticamente unânime, de quem estuda o financiamento eleitoral, é de que a proibição de financiamento de empresas vai causar uma explosão de caixa 2. Por quê? Porque não existe legislação, pedaço de papel em que esteja escrito alguma proibição, que suplante o jogo de interesses. As empresas têm interesse em financiar política e os candidatos têm interesse em financiar suas eleições, sua campanha eleitoral”.
A decisão teve outros impactos. Levantamento do R7 mostrou que o número de empresários eleitos prefeitos no 1º turno saltou de 700, em 2012, para 828 em 2016. Foi o maior aumento entre todas profissões, e incluiu prefeitos em cidades importantes como São Paulo e Belo Horizonte. O mesmo se observou com os vereadores.
A proibição das doações de empresas, portanto, favoreceu os candidatos mais ricos, que podem pagar as campanhas do próprio bolso.
Em segundo lugar, a proibição do STF levou o Congresso a criar em 2017 um fundo eleitoral de R$ 1,7 bilhão. O resultado é que os partidos terão no total R$ 2,5 bilhões em dinheiro público para gastar nas eleições de 2018. Ou seja, na prática a gente já paga adiantado, legalmente, parte do que entraria como caixa 2.
Claudio Weber Abramo fez a declaração no curso online Como cobrir eleições sem errar, iniciativa do Centro Knight de Jornalismo nas Américas. Abramo é bacharel em matemática pela USP e mestre em filosofia da ciência pela Unicamp. Foi diretor-executivo da Transparência Brasil entre 2001 e 2015.