Entre as exigências para que médicos cubanos continuem atuando no Brasil, Jair Bolsonaro citou uma aprovação no Revalida, exame que reconhece diplomas de médicos que se formaram no exterior. Mas a postura do presidente eleito em 2018 difere bastante da do deputado federal que, em 2013, discursava na Câmara Federal:
O Ministro Padilha quer, de certa maneira, acochambrar o exame REVALIDA, ou seja, o pessoal não vai passar, os cubanos não vão passar, então querem acochambrar. Com todo o respeito que eu tenho pelos açougueiros do Brasil, digo que os açougueiros do Brasil poderão se inscrever porque serão aprovados nesse novo REVALIDA proposto pelo Ministro Padilha! Isso é um crime. Vocês vão ter dezenas de milhares de cubanos aqui dentro.
A fala tipicamente inflamada não deixava dúvidas de que Bolsonaro entendia como problemática a permanência de profissionais cubanos no Brasil, mesmo aprovados pelo Revalida:
Querem, por tabela, revalidar o diploma dos companheiros indicados pelo PCdoB e pelo MST a fazer curso dito de Medicina em Cuba e na Bolívia. Querem trazer esse pessoal para cá e, revalidando esses diplomas, serão essas pessoas que ocuparão os postos-chave da medicina pública em nosso País.”
Claro, cinco anos se passaram e o militar reformado pode ter revisto o posicionamento. Mas não deixa de ser estranho que a conduta ora explorada só tenha ganhado o mundo após a crise recente.