Não há boletins médicos sobre a cirurgia de Fabrício Queiroz

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Quando Jair Bolsonaro se internou no no mesmo hospital, foram publicados 37 comunicados oficiais em 77 dias.

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Em 30 de dezembro de 2018, Fabrício Queiroz deu entrada no Albert Einstein para tratar um tumor maligno no intestino. Lá ficou até 8 janeiro de 2019. Na véspera do procedimento, deixou-se registrar em vídeo no que, segundo o próprio ex-motorista de Flávio Bolsonaro, seria um “raro momento de descontração” da passagem de ano.

Mas também impressiona a pouca quantidade de informação divulgada a respeito do procedimento. Quando, em 7 de setembro de 2018, Jair Bolsonaro deu entrada no mesmo hospital, a assessoria deu início à publicação de um total de 37 boletins médicos, com o último vindo a público no 23 de novembro seguinte. Em todas as notas, se não há um destaque para o diretor superintendente, há para os médicos responsáveis. Além, claro, de detalhes mais profundos sobre procedimentos e o estado de saúde da vítima do atentado.

O boletim é a comunicação oficial liberada à imprensa quando personalidades que aquecem o noticiário dão entrada nas casas de saúde. De acordo com o próprio site do Einstein, é “elaborada em conjunto com os médicos responsáveis e a superintendência do hospital, com a anuência dos pacientes ou seus familiares“.

Ao contrário do que chegaram a divulgar alguns veículos estatais, não há boletins médicos sobre a cirurgia de Fabrício Queiroz. Questionada por A Agência, a assessoria informou que faltou justamente a anuência da parte da família Queiroz. O que soa uma postura estranha, uma vez que Fabrício há de ser o principal interessado em detalhar à opinião pública o que tem feito com que seguidamente deixe de prestar esclarecimentos ao Ministério Público.

O “cara de negócios” virou manchete quando um relatório do COAF notou uma movimentação atípica na conta do ex-assessor da família Bolsonaro. O caso atinge o presidente da República em ao menos três flancos. Porque põe nas cordas o filho deputado estadual antes mesmo de a assumir o mandato como senador. Porque um cheque de R$ 24 mil foi depositado na conta de Michelle Bolsonaro. E porque Nathalia Queiroz, a filha de Fabrício que filmou o pai na véspera da cirurgia, trabalhava no gabinete do marido de Michelle.

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