O MINISTRO DA JUSTIÇA, Sergio Moro, desconvidou a cientista política llona Szabó para uma vaga no Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. A nota à imprensa publicada na noite desta quinta (28) deixa claro: Szabó foi convidada por causa de seus méritos, e desconvidada por causa da “repercussão negativa em alguns segmentos”.
Szabó e Moro se aproximaram durante um debate em Davos, no fim de janeiro, e o convite foi concretizado nesta semana. Mas a claque bolsonarista, mordida com a derrota de ter defendido a ensandecida proposta do ministro da Educação da qual ele mesmo recuou, tinha que buscar alguma vitória para não começar o Carnaval de ego ferido. Como a própria Szabó disse ao Estadão, “são grupos que precisam de inimigos”. Com o PT hoje preferindo brincar de SimCity, as hordas de trolls precisam devorar gente do mesmo time.
O pior de tudo é a fake news que vêm por cima: integrantes do governo e seus porta-vozes oficiosos agora querem pintar o recuo de Moro como vitória do povo, como se tivesse havido um único protesto popular contra a nomeação de Szabó. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) twittou que “Nós somos o poder” e citou o artigo 1º da Constituição. O assessor internacional da Presidência, Filipe Martins, discorreu sobre a “sensibilidade com os anseios populares demonstrada por Moro”.
É um papo para enganar trouxa. Não foram “as redes sociais” que impediram Szabó de servir no Conselho, e sim certas redes sociais – inteiramente compostas por fãs de Carlos Bolsonaro. Os perfis mais influentes a propagarem essa tese são os mesmos que consideram o vereador carioca um gênio político e divulgaram que Bebianno era um traidor. Um deles chegou a insinuar que o governo Bolsonaro não é pautado pela imprensa – sendo que os áudios divulgados pelo ex-ministro provam o contrário. Bolsonaro só fala da imprensa, e apenas de veículos da “extrema-imprensa”, como O Antagonista, Folha e O Globo. Nenhuma menção à bolsosfera.
“O povo” manda no governo Bolsonaro da mesma forma que a MAV do PT, em tempos de Dilma Bolada, representava “os anseios populares”.