Entre a conclusão do primeiro turno em 2018 e a passagem de cargo para a legislatura seguinte havia um longo período de quase quatro meses. Já se imaginava que, nesse hiato, o Congresso brasileiro aprontaria tudo o que pudesse contra as investigações que tanto constrangem os parlamentares. Pouco se antevia, contudo, que o governo de transição traria Sérgio Moro na organização de um ministério da Justiça com poderes acima da média. Ou seja, já com alguma força política para conter eventuais danos provocados por deputados e senadores derrotados nas urnas.
A Folha de S.Paulo detalhou o caso:
Um grupo de parlamentares de partidos envolvidos nas investigações da Lava Jato pressiona o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a colocar em votação nas próximas semanas projeto que altera as regras de execução penal no Brasil, afrouxando a punição a diversos crimes, incluindo os de colarinho branco. (…)
Procurado, o futuro ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Sergio Moro, disse que a proposta tem vários pontos controversos. “Entendo que a apreciação de projetos de reformas da lei penal deve ser adiada para a próxima legislatura para que o novo governo possa apreciá-los. O PL 9054/17 tem pontos muito problemáticos”, disse Moro.
Alvos da Lava Jato pressionam Câmara a votar mudanças na lei, e Moro reage
Em 2017, enquanto a população se preparava para as festas de final de ano, Brasília aproveitou o desinteresse momentâneo da opinião pública para fazer a alegria de um bom número de corruptos. De certa forma, o tsunami eleitoral do outubro seguinte foi também uma resposta a ato tão desavergonhado.
A movimentação em torno de Rodrigo Maia denota que não aprenderam a lição. Fica a dúvida se Moro terá forças para evitar o pior. Ou ainda para, na sequência, reparar qualquer estrago.