Subsídios à Petrobrás custaram mais que corrupção

Cada centavo a menos no diesel do caminhoneiro custa uma fortuna para todos os trabalhadores. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Cada centavo a menos no diesel do caminhoneiro custa uma fortuna para todos os trabalhadores.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

HÁ MUITAS ESTIMATIVAS sobre a quantidade de dinheiro que foi roubada da Petrobrás com o petrolão nos governos do PT. Mas é praticamente certo que o valor dos subsídios com combustíveis saiu ainda mais caro.

Vamos começar pelo petrolão. Em abril de 2015, a empresa registrou em balanço perdas de R$ 6,2 bilhões por corrupção. A conta foi criticada à época por subestimar a desvalorização de ativos resultante do crime. Também jogava por baixo a porcentagem de propina (em 3%), que podia chegar a 20% do valor dos contratos.

Em novembro do mesmo ano, laudo de perícia criminal anexado pela Polícia Federal a um dos processos da Lava Jato estimou que o roubo poderia chegar à casa dos R$ 42,8 bilhões. O número tinha como base uma tabela com os pagamentos a 27 empresas apontadas como integrantes do cartel. No mês passado, ao celebrar os 5 anos da operação, o MPF mantinha a estimativa: a roubalheira na Petrobrás chega na casa dos R$ 40 bilhões.

Muito bem! E o controle de preços de combustíveis? Saiu mais caro.

No primeiro mandato Dilma (2011-2014), os subsídios aos combustíveis levaram a Pretobrás a prejuízos de R$ 89,5 bilhões, conforme balanços da companhia publicados em 2018.

Em março de 2014, ano em que Dilma disputou a reeleição, o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) estimou que R$ 63 bilhões seriam gastos naquele ano para evitar reajustes na conta de luz, na gasolina e no diesel. Isso em um único ano, e não ao longo dos vários anos de petrolão!

Reportagem da Bloomberg publicada em maio de 2018 estima que os subsídios custaram à Petrobrás cerca de US$ 40 bilhões durante o segundo mandato Dilma. Atenção: 1) dólares, não reais; 2) esse mandato durou um ano e meio.

Em 2018, o governo Temer separou R$ 9,5 bilhões para bancar o subsídio do diesel. Mais uma vez: esse valor foi para um único ano, e não ao longo de vários anos como ocorreu com os estimados R$ 40 bilhões do petrolão.

A corrupção do petrolão foi astronômica, mas os subsídios aos combustíveis custam ainda mais caro.

Em modo cada vez mais 1984, porém, o governo assegura que não vai interferir na Petrobrás. É como aquele bully que pergunta: “por que você está se batendo?”.

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