Em matéria sobre o lobby que os militares fazem em Brasília para serem poupados na reforma da previdência, a Folha de S.Paulo apresentou alguns números que jogam uma luz sobre o tema. Para 2019, há a expectativa de o déficit atingir assombrosos R$ 305,6 bilhões. Que podem ser divididos nos seguintes grupos:
- Militares: R$ 43,3 bilhões
- Servidores públicos federais: R$ 44,3 bilhões
- INSS: R$ 218 bilhões
Olhando por este ângulo, resta a sensação de que as Forças Armadas seriam donas do menor rombo. Mas é preciso observar também a quantidade de beneficiários em cada grupo. A saber:
- Militares: 381 000 inativos e pensionistas
- Servidores públicos federais: 737 000 beneficiários
- INSS: 27,7 milhões de contribuintes
A discrepância salta aos olhos quando se divide o déficit pela quantidade de deficitários:
- Militares: R$ 113,6 mil/inativo ou pensionista
- Servidores públicos federais: R$ 60,1 mil/beneficiário
- INSS: R$ 7,9 mil/contribuinte
Proporcionalmente, o rombo na previdência dos militares é 90% maior que o observado junto aos servidores públicos federais, e 14 vezes superior ao do trabalhador que repassa parte do próprio salário ao Instituto Nacional do Seguro Social. Mesmo o prejuízo do segundo grupo equivale a 8 vezes o do terceiro.
Por este cálculo, não dá para excluir da reforma previdenciária os membros das Forças Armadas ou integrantes do funcionalismo público. Pois não é justo que esta conta recaia exclusivamente sobre a iniciativa privada.
Nota do editor
Inicialmente, esta nota trazia equivocadamente o título “Na proporção, o rombo da previdência militar é 24 vezes maior que o do INSS“. O erro restrigiu-se a considerar que o défict do INSS (R$ 218 bilhões) seria o défict total da previdência social. Na verdade, o total era ainda maior: R$ 305,6 bilhões.