O ADVOGADO Cristiano Caiado de Acioli estava no mesmo voo que o ministro Ricardo Lewandowski, do STF, nesta terça-feira (4). Decidiu fazer um protesto simples, gravado em vídeo: “ministro Lewandowski, o Supremo é uma vergonha, viu? Eu tenho vergonha de ser brasileiro quando vejo vocês”.
Ao que o ministro respondeu: “vem cá, você quer ser preso?”.
Segundo o Jota, agentes da Polícia Federal de fato entraram no avião “e questionaram se Acioli iria se manter tranquilo”. A aeronave então decolou normalmente.
Pronto a servir a determinadas agendas, Lauro Jardim noticiou sobre “[a]dvogado que ofendeu Lewandowski (…)”. É mais uma curiosa apuração de Jardim, já que no vídeo Acioli fala SOBRE o Supremo e apenas AO ministro. Aconteceu apenas que a carapuça serviu.
Poucas horas depois do encontro no avião, Lewandowski votou, junto com Gilmar Mendes, a favor do adiamento do julgamento de mais um habeas corpus de Lula. Foram derrotados por 3 x 2 na 2ª Turma. Como A Agência adiantou em julho, a posse de Dias Toffoli como presidente do STF teria o efeito colateral benéfico de tirá-lo da 2ª Turma, chamada de “Jardim do Éden” por advogados de políticos corruptos.
Tem mais! Esta semana Lewandowski publicou novo despacho para suspender a liminar que proibia Lula de dar entrevistas da cadeia, indicando atenção especial ao paciente (ou cliente).
A frase “vem cá, você quer ser preso?” é apenas uma versão mais arrogante e violenta do “você sabe com quem está falando?”. Lewandowski é uma das perfeitas encarnações do “estamento burocrático” analisado por Raymundo Faoro, o “conteúdo aristocrático, da nobreza da toga e do título”.
Ao “vem cá, você quer ser preso?”, uma resposta possível é: “não, só não quero o Lula solto”.