Escolhas de Moro como ministro põem em suspeita a imparcialidade de Moro como juiz

Foto: José Cruz/Agência Brasil
Foto: José Cruz/Agência Brasil

O juiz federal Sergio Moro, que assumirá o Ministério da Justiça no próximo governo, confirmou hoje (20) os nomes dos delegados Maurício Valeixo para a direção-geral da Polícia Federal e Érika Marena para o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica (DRCI).

Os dois policiais federais atuaram na Operação Lava Jato ao lado de Moro, que conduziu os processos na primeira instância da Justiça Federal em Curitiba. São delegados que contam com a confiança do futuro ministro e que atuam diretamente nas áreas que ele considera fundamentais.

Moro escolhe delegados da Lava Jato para PF e departamento do MJ

Um juiz não tem lado. Ou não deveria ter. A função desse é ouvir defesa e acusação para, ao final, escolher quem estaria com a razão.

Ao aceitar o convite para ser ministro do governo Bolsonaro, Sérgio Moro jogou em si mesmo a suspeita de que tenha atuado nos anos anteriores com objetivos políticos – acusação que nunca saía da boca dos investigados.

Ao escolher nomes da Lava Jato para cargos de extrema importância, o ex-magistrado colocou sob suspeição a própria imparcialidade na condução do processo que, por exemplo, findou em cadeia para um ex-presidente da República.

Em dado momento, Moro chega a produzir aspas como “a delegada tem minha plena confiança”. Como se tivesse sido alguém que, no passado, cumpria missões do interesse do juiz federal.

Como o futuro ministro da Justiça tornou-se símbolo de um judiciário em que a população ainda confiava, tanto descaso com a própria imagem reverbera na Justiça como um todo. Que pode ser entendida e explorada como enviesada. E será.

Para o Início