A politização de tudo faz de todos nós políticos, explica jornalista

A politização de tudo termina calando a boca de todo mundo. Foto: Kat Jayne/Pexels

A politização de tudo termina calando a boca de todo mundo.

Foto: Kat Jayne/Pexels

EM UMA SOCIEDADE DEMOCRÁTICA, existem dois pesos e duas medidas em relação ao comportamento de políticos e pessoas comuns. Em desfavor dos políticos. É o que explica o jornalista Daniel Greenfield na revista FrontPage.

Correr atrás de declarações antigas, transações financeiras e até do histórico escolar de políticos é justo e necessário. Isto acontece porque políticos são servidores públicos e exercem o poder em nosso nome. E podem se defender: têm gabinetes, equipes e acesso fácil aos microfones da imprensa. Um exemplo recente é a boa reportagem da Época desta semana sobre a juventude de Jair Bolsonaro no interior paulista.

Mas os cidadãos comuns não trabalham para o público. Não exercem poder político. E podem ser demitidos pelo chefe, não nas urnas.

A recente onda de politização, que tem na esquerda seus maiores entusiastas, promete transformar todos nós em políticos – só que sem o poder, sem os gabinetes e sem os advogados do partido.

Greenfield escreve motivado pelos recentes episódios de militantes que correm atrás de tweets antigos para pressionar empresas a demitir gente. Um dos últimos alvos foi o diretor de cinema James Gunn. Gunn foi demitido neste mês porque um blogueiro de direita, Mike Cernovich, foi atrás de tweets ofensivos de Gunn e conclamou a Disney a mandá-lo embora. E por quê? Porque pouco antes, ativistas de esquerda chamaram a atenção para tweets antigos de celebridades direitistas com o objetivo de convencer seus chefes a demiti-los… O tweet antigo, assim, virou guilhotina.

O monitoramento constante de todas as nossas atividades, e a busca de significado político em todas elas, é um passo para a perda total das liberdades políticas e individuais. Se a politização torna tudo o que fazemos político, então tudo o que fazemos precisa ser regulado.

Os privilégios da imprensa, como o sigilo da fonte, foram concebidos para proteger o público das autoridades, não o contrário. Devemos ficar especialmente atentos quando a imprensa começa a perseguir, monitorar e cobrir as declarações de pessoas comuns em vez daquelas feitas pelas autoridades. Foi uma grande tendência no Brasil em 2013-2015, com o jornalismo de zoológico, TV Folha à frente, cobrindo a vida dos riquinhos e os piores momentos de eleitores de Aécio e militantes pró-impeachment. Sem falar no “Aécio de papelão”. A ideia da politização era ridicularizar e enxergar o adversário à pior luz em vez de enfrentar os argumentos mais fortes.

Outro meme comum nessa área é o pavor que os esquerdistas adoram alardear do “cidadão de bem”, dos “parentes na ceia do Natal” e do “comentarista do G1” – em sua enorme maioria, pessoas inofensivas que não exercem um milésimo da ameaça de um presidiário com influência sobre uma presidente de partido, por exemplo.

Aqui mesmo em A Agência noticiamos que um professor da USP defende o aparelhamento do Estado pela esquerda sem dar o nome dele, porque entendemos que a notícia está no cargo e no comportamento, e não tanto no indivíduo.

Devemos combater a politização de tudo. E cobrar da nossa imprensa que vigie as autoridades, não os leitores.

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