EM 2002, PRATICAMENTE TODOS os estados brasileiros optaram por Lula. Desta forma, a eleição presidencial de 2006 foi a primeira de três consecutivas em que o Nordeste seria primordial para a vitória do PT. Na época, o problema da segurança já era grave. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, no ano em que o petista iniciaria o segundo mandato, exatos 15.706 nordestinos foram assassinados na região.
Mas, uma década depois, quando Michel Temer pela primeira vez iniciou e concluiu o ano na condição de presidente da República, a tragédia se mostrava 73% maior, num avanço anual quase ininterrupto, vindo a somar 27 247 óbitos. Neste intervalo, só oscilou negativamente uma vez e, exceto por 2011, não enfrentou crescimento tão acelerado quanto o de 2017, quando as mortes violentas fecharam a temporada 10% maiores em relação às do período anterior.
Com 28% da população brasileira, o Nordeste responde por 43% dos homicídios. Foram 227 500 assassinatos nos 11 anos entre o segundo mandato de Lula e o único de Temer. Para efeito de comparação, é um volume de baixas superior aos 210 000 holandeses mortos na Segunda Guerra Mundial.
Por padrão, sempre que a opinião pública reclamava do estouro da violência, ouvia o governismo de então insistir que as queixas deveriam ser remetidas às administrações estaduais. Entretanto, todos os especialistas ouvidos pelo UOL concordaram que o sangue escorria por obra de facções criminosas que não respeitam fronteiras nacionais ou internacionais.
Em outras palavras, trata-se de um problema continental. Que demanda uma ação coordenada entre as nações que choram a matança proporcionada pelo narcotráfico, e as que consomem cocaína impunemente.
No Brasil, mesmo com a violência causando mais estragos em determinadas regiões, ninguém melhor do que o Governo Federal para auxiliar governadores em missão tão complexa. E isso tem que ser cobrado dos eleitores para com seus representantes. Ou eles distrairão o público com temas menos urgentes.